terça-feira, 18 de março de 2014

Desculpe-me, eu amo demais...

Sim, lamento...

Fragmentos do texto de Fabrício Carpinejar – “ELE VEIO DE CARRUAGEM, ELA ESPERAVA UMA CARRETA DE BOIS”
– Por que vocês se separaram?
– Ela explicou que eu amava demais.
– Amor demais? Tá de sacanagem? Aprontou alguma?
– Não, amei demais.
– Ninguém se separa por amor demais.
– Sim, ela se separou de mim por este motivo.
– Traição, ciúme, ressentimento são as causas mais comuns.
– Não, havia química poderosa. A gente ria muito. Os amigos enxergavam nosso contentamento. Admiravam nossa felicidade.
– Ria?
– Sim, de gargalhar, de doer de gargalhar. Bebíamos de noite conversando bobagem.
– Não faz sentido. Explica?
– Era muita surpresa para uma rotina. Casal perfeito, sabe?
– Sem filosofia, ela alegou o quê?
– Que era muito amor para uma mulher só, que ela não era o que eu idealizava.
– Você falou isso?
– Não, pelo contrário, eu falei que ela era muito melhor do que eu idealizava.
– Toda mulher deseja alguém por perto, romântico, com olhos somente para ela, não?
– Ela não gostava. Chamava de carência. Insistia para me controlar, amarrar as mãos, amordaçar a boca, não ficar em cima, dar espaço.
– Não tem cabimento... Tá brincando?
– Tem, sim. Amor demais. Eu lavava a louça antes dela acordar, eu a levava para o trabalho, eu estava à disposição de seus chamados.
– Ela ainda reclamava?
– Sim. Amor demais. Reclamava que não aguentava tanta pressão, que não conseguia respirar.
– Pressão de quê?
– Do meu amor demais.
– O que você pensava da situação?
– Nada. Estava feliz amando demais. Escrevia cartas e bilhetes, fazia declarações públicas, mandava flores, banquei serenata na janela, coloquei outdoor.
– Nossa, que estranho!
– Não é estranho, ela reclamava do amor demais. Ela se separou pelo amor demais. É muita expectativa.

2 comentários:

  1. O amor nunca é demais.
    Feliz Dia do Blogueiro.
    Beijinhos
    MAria

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  2. Oi, Nadine!
    Algumas mulheres não se valorizam e por isso não suportam tanto amor!
    :D
    Beijus,

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